25 de junho de 2015

O que você quer que eu queira

Eu sou uma pessoa over analítica, quase neurótica. Para dar uma ideia, hoje estava com muitas manchas vermelhas no corpo e quando entrei no banho, senti dores no tronco. Logo pensei: estou com dengue, meu Deus! Fiquei um minuto debaixo da água quente, passou: estava com frio.

Além de momentos de vergonha pessoal como esses, essa minha característica pessoal me faz pensar demais nas decisões que eu tomo em minha vida, pequenas ou grandes. De toda forma, isso vem mudando de uns tempos para cá. Passei a morar com mais pessoas em casa, o que me fez precisar pensar menos em mim e mais na big picture.

Na big picture, um fenômeno maravilhoso acontece: os problemas parecem cada vez menos importantes. Então, se eu comecei achando que tinha vinte problemas, acabo normalmente com um ou dois problemas e alguns... empecilhos. Empecilhos são facilmente descartáveis.

E fui vivendo assim, sem negligenciar nenhuma responsabilidade (pelo contrário, me tornando ainda mais responsável), mas de forma mais leve, e sem me cobrar tanto. E foi aí que irrompeu o grande acontecimento que me leva a esse texto: as cobranças alheias.

Uma das coisas que parei de fazer nesse momento de mudança (vocês podem notar rolando a página um pouco mais) foi escrever no Rotinofobia. Estava fazendo falta, mas eu compreendia o motivo da pausa, logo não me perturbava.
Outros planos continuavam figurando em minha mente, mas estavam longe de serem colocados em prática, então também não os citava aos amigos. E fui preenchendo meu dia com coisas mais palpáveis e instantâneas. E isso foi causando incômodo à minha volta.

Desde então, percebo o quanto a sociedade nos força a querer coisas. Querer coisas tem moda, também. Tem momentos em que você deve querer descansar. Querer relaxar. Querer trabalhar mais. Querer comer menos glúten. Querer comer mais pizza. Querer sair mais. Querer ficar mais em casa. Querer viajar mais. Querer mudar. Querer tirar um ano sabático. E assim começamos a querer o que os outros querem que queiramos (complexo, ufa!).

O quanto isso vale a pena? Creio que não muito. Quando parei de analisar (tanto) a vida para saber o que queria fazer, comecei a fazer muito mais. Estou mais presente nas redes sociais. Saio mais. Meus dias são mais produtivos. Converso mais com meus avós, trabalho mais, brinco mais com meus cachorros. Tudo aquilo que eu não tinha nem tempo e nem coragem de fazer quando estava ocupada tentando saber se queriam que eu fizesse tudo aquilo.

Talvez eu não tenha sido muito clara (afinal estou over analisando), mas o que queria compartilhar, enfim, é que na situação atual de nossas relações, ouvir menos o que o mundo tem a lhe dizer pode ser o que vai, definitivamente, te colocar em sintonia com o mundo.

Beatrice Ojea

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