24 de março de 2015

Risqué que amávamos

Há algumas semanas atrás escrevi no meu outro blog, o Brinquei de Fashionista, sobre os esmaltes da Risqué. Elogiei reformulação da embalagem, elogiei cores que voltaram para a linha, estava feliz e amando a Risqué. Então, eles lançam não só uma nova campanha, mas uma nova coleção! E eu vou olhar. E eu me deparo com a coleção Risqué "Homens que amamos". Já logo me veio o "Quê? As pessoas que usam esmalte são obrigatoriamente pessoas que amam homens?". Mas aí pensei "bom, se eles querem segmentar assim, risco que eles correm". E fui ver as cores. Não me lembro, não sei nem se os esmaltes são cor de rosa ou verdes. Mas não consegui esquecer que eles tem nomes como "André fez o jantar", "Fê mandou mensagem" e "João disse eu te amo". Além de estranhamente cômicos, esses nomes foram dados às cores porque ela é (segundo a campanha da coleção) "Inspirada nos homens que fazem a diferença na vida das consumidoras" e são "Tributos aos pequenos gestos diários dos homens". 



Mas é exatamente por isso! São gestos pequenos. Muito pequenos. Pra começo, esses gestos não merecem um "tributo", eles já devem ser naturalmente compensados com reciprocidade. É esse o papo da igualdade, não é?
Felizmente, não fui a única a achar a campanha muito estranha. Na rede social mais amável do mundo (apesar de todos usando-a para xingar muito), o Twitter, a hashtag #homensrisque bombou. Foi primeiro lugar nos TT's Brasil no dia de lançamento da coleção. Aí você pensa: "Então foi um sucesso!". É... pros consumidores foi um sucesso sim.
A hashtag estava sendo usada (entre outros tipos de crítica) para dar outras ideias de nomes para esmaltes da Risqué, do tipo:


e até esse da Casa da Mulher do NE:
A campanha contra é extremamente válida, porém o hotsite da coleção continua no ar e, apesar das matérias até do Jornal O Globo, a Risqué parece não ter sentido cócegas.

Fico triste quando tenho que comentar um deslize da propaganda brasileira, mas elas têm sido bastante comuns. A Skol ainda está se recuperando do deslize machista do Carnaval e a Risqué lança assim, quase sem deixar a gente respirar, uma campanha (com coleção de produtos!) que reforça os padrões de:

a) Homens serem gentis é uma atitude plausível de homenagem
b)Só mulheres heterossexuais usam esmalte
c)Até o esmalte que só as mulheres heterossexuais usam tem que ter uma referência masculina.

Agora resta esperar mais um pouco pra ver se a crítica repercute e a Risqué é obrigada a se curvar, ou se vai conseguir abafar o caso e escapar de fininho.

E vocês? O que tem achado desses frequentes escorregões das marcas com o público?

bisous, Beatrice.

Imagem: divulgação
Fontes: Twitter @kissyouoff, Twitter @CMNordeste, Brainstorm 9, Jornal O Globo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário